Um dia, na faculdade, observando o professor, num momento letárgico, eu acompanhava com os olhos sua boca abrindo e fechando, mais ou menos como um boneco no colo de um ventríloquo, mas não ouvia nada e o professor continuava a falar e eu insistia em não ouvir. Naquele momento, eu não estava ali, meu corpo sim, mas minha mente, meu cérebro, meus pensamentos, definitivamente não. Então, para minha infelicidade, descobri uma coisa terrível: eu nunca estava onde realmente aparentava estar, se é que você me entende. Na faculdade, eu pensava no trabalho, nos clientes, em casa, na família, nos afazeres do amanhã. No trabalho, eu pensava na faculdade, nas aulas, nos professores, no estágio jurídico. Em casa, os pensamentos divagavam entre o labor e as aulas. Descobri que isso era um ladrão terrível de energia e acúmulo de conhecimento, prometi que não deixaria isso acontecer novamente. Agora, cada vez que percebo que minha mente tenta abandonar o cor...