O dicionário Michaelis define medo como: perturbação resultante da idéia de um perigo real ou aparente ou da presença de alguma coisa estranha ou perigosa; pavor, susto, terror.
O medo é uma sensação que muitas vezes nos toma e faz com que façamos coisas estranhas, diferentes, faz com que mudemos caminhos, evitemos pessoas, coisas, conversas, determinadas situações, etc.
Apesar disso, sempre tive uma aversão ao medo, sempre gostei de ir contra, sempre gostei de não me entregar ao medo. Claro que isso, em algumas vezes, teve um preço muito alto, como algumas situações que vivi no Mato Grosso, pois, por não querer dizer que estava com medo de nadar, passei vários apuros, chegando a quase deixar de existir por três vezes, bem detalhadas em minha memória.
A palavra chave que dava o start era: Eu “duvido” que você faça isso! Pronto, nesse momento, era dada a partida num menino que não queria perder para o medo e, como criança, adora ser valorizada pelos amigos, principalmente se esse valor vier da seguinte frase. "Ele é louco, não tem medo, não duvide dele, que ele vai".
É incrível como o ser humano pode se comportar diferentemente na mesma situação, tudo vai depender se existem naquele instante, pessoas ao seu redor ou não. Um momento é quando ele está sozinho e age, o outro é quando ele vive a mesma situação perto de outras pessoas.
Vou dar um exemplo: Quando agimos, pensamos em nós, mas, quando essa mesma ação é vista por outras pessoas, agimos pensando no coletivo, isto é, nos preocupamos com o que o grupo vai pensar. Consegui ter uma idéia bem prática desse momento quando, durante um tempo em minha vida, pratiquei capoeira.
Em algumas rodas, nome que se dá ao momento onde acontecem as demonstrações, senti isso na pele. Levar um chute, um soco ou um tapa é e sempre será muito desagradável, mas dá pra suportar. Mas, se isso acontecer num local com cinqüenta pessoas batendo palmas, que viram você levar o safanão e estão esperando ansiosas pela sua reação, é muito diferente!
Talvez sua reação seja de medo, intimidou-se, manerou e procurou o mais rápido possível deixar aquela situação constrangedora e sair da roda. Pode ser a de alguém que levou o tabefe e chorou, não conseguindo nem terminar o que estava acontecendo e vai sair dali para nunca mais voltar e desejaria do fundo do seu coração que aquele infeliz momento nunca houvesse existido.
Ou você pode ser o "cara" que levou uma pancada e as cinqüenta pessoas da roda gelaram, porque elas sabem que o bicho vai pegar. Que você não irá deixar isso barato, e as pessoas vibram, e elas admiram isso.
Por quê? Simples! Muitas gostariam de ser iguais, mas não conseguem, mas elas o admiram por ser assim.
Usei o exemplo da roda de capoeira, mas funciona assim o tempo todo.
É o medo de se declarar para pessoa amada, de dar a idéia, de participar do grupo, de ter a iniciativa, de começar, de não vender, de seguir em frente, de ousar falar, de apresentar o trabalho na faculdade, de levar o currículo, de fazer a entrevista de emprego, de não agradar, de não conseguir, de amarelar. O medo muitas vezes de perder aquilo que você ainda não tem.
Tudo são escolhas, escolhas essas que podem influenciar o resto de nossas vidas. Às vezes, uma pessoa não aceita um novo emprego por medo do novo, por comodismo, pela dúvida de trocar o certo pelo questionável, por não querer mudanças bruscas.
Não generalizando, mas a grande maioria tem receio de coisas novas, gosta de fazer sempre as coisas do mesmo jeito, e é justamente por isso que os resultados no final de cada ano são idênticos. É muito simples entender, se fizermos nesse ano exatamente o que fizemos no ano anterior, já sabemos qual será o resultado.
Agora, se ousarmos, inovarmos, arriscarmos, darmos um passo a mais onde a grande maioria das pessoas param, aí sim, conseguiremos fazer parte da minoria que consegue ter sucesso.
Porque sucesso é dor, sucesso é quebra de paradigmas, é fazer diferente e não desistir, ir até o final, terminar, é pensar que pode ser feito e podemos dar sempre o nosso melhor, é errar pela ação e não pela omissão.
A vida é curta, sempre fui a favor da intensidade, já que vai fazer, faça bem feito, torne-se conhecido por resolver problemas e não criá-los, faça, pense, reflita, seja uma pessoa com que as outras sintam segurança ao seu lado, não desespero.
Vencer o medo é treino, nas primeiras vezes é muito difícil, depois vai melhorando, até que se torna suportável e praticável; quando chegamos nesse ponto, aí sim, temos o controle da situação.
Muitos pensam que o medo é maléfico. Não concordo com esse pensamento, o medo sob controle é totalmente benéfico, nos ensina sobre cautela, prudência, moderação, bom senso e faz com que raciocinemos antes de agir e tomarmos uma decisão.
A diferença é que não podemos deixar o medo nos travar, temos que impedir que isso aconteça e prosseguir.
E, se durante aquela situação que nos causa medo, algo der errado, precisamos respirar e pensar com calma, entretanto, teremos que agir rápido, mas é justamente nesse momento adverso que devemos deixar o medo apenas como “medo” e não permitir que ele se transforme em pânico.
Devemos mostrar serenidade e principalmente inteligência. O pânico nos tira a lógica, a sobriedade e pode nos tirar a vida.
Por isso, nunca permita que o medo se transforme em pânico. Em uma situação de muito risco, a diferença entre viver e morrer está em quem teve medo e quem teve pânico.
A vida pode ser linda e, para que seja mesmo, ela depende exatamente de nossas decisões. Sempre teremos medo, precisamos dele para continuar vivendo e que Deus em sua imensa sabedoria nos dê sempre o discernimento necessário para deixar o medo, somente medo!
E vale lembrar a frase de Marilyn Ferguson: “No fundo, sabemos que o outro lado de todo medo é a liberdade.”
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