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O Vendedor por Robson Dutra





Vendo desde os seis anos de idade, evidentemente comecei muito cedo na arte de argumentar e ajudar o cliente na escolha daquilo que deseja.

Vejo nas revistas que abordam o assunto, dicas de vendas; métodos para vender mais; soluções em vendas; passos da venda; o segredo em vendas; a arte de encantar clientes; como fidelizar clientes; o sucesso em vendas; o vendedor de sonhos; o vendedor nato; o exímio vendedor.

Tudo falando sobre vendas, sobre excelência no atendimento, sobre dar o seu melhor pelo cliente. Como se a maioria dos estabelecimentos comerciais e os seus vendedores estivessem em um estágio muito avançado, próximos da perfeição no simples ato de atender bem um cliente.

Para que você compreenda melhor o que quero ressaltar, vou dar alguns exemplos:

Eu telefono para uma empresa e alguém atende dizendo: Alô; pois não; posso ajudar; oi.

Em outra situação, eu telefonei e a pessoa que atendeu não era quem eu queria, então escutei um grito: “O Fulano”, atende aí, o telefone é para você. Como se ele estivesse no meio do pasto da fazenda gritando com seu amigo da lida.

Outro dia liguei para uma empresa e precisava passar um fax; depois de muitas tentativas, a telefonista falou que não seria possível porque o aparelho estava com problemas. Então eu perguntei se uma empresa daquele tamanho só tinha um fax e ela me disse que não, contudo, o outro estava muito longe de sua sala. Falei que ela, como telefonista, tinha que tomar uma atitude, pois quem aguardava o documento era seu patrão e o mesmo era de extrema importância.

E ela me disse:

- Calma aí, eu só trabalho aqui!

Essa é a verdadeira frase de uma pessoa somente envolvida com o que faz e não comprometida, além disso, pessoas com esse pensamento não crescem, não evoluem, ficam estagnadas, apenas esperando o momento em que serão substituídas por quem realmente coloca o coração naquilo que faz.

Voltando aos colaboradores que fazem questão de serem observados pelo departamento de Recursos Humanos, ( claro que o RH os observa com a intenção de enviá-los para concorrência) cito ainda aqueles que, quando entramos na empresa, disfarçam que não estão nos vendo, pegam o telefone e fingem que estão em uma grande negociação, viram as costas, começam a digitar no computador, avisam ao vendedor mais novo que entrou cliente, fazem comentários do tipo: Olha o “coco”! Esse não compra nada! Olha só o estilinho do cliente, não tem perfil para o nosso produto! Com essa roupa e esse sapato não tem condições de comprar nada! Deve ter entrado no lugar errado!

Julgam o cliente, sem conhecer, demonstrando assim uma falta de sensibilidade e bom senso dignos de alguém que vai patinar a vida toda no mesmo local. Já perdi as contas de quantas vezes negociei carros com pessoas, que a única coisa que aparentavam, era não poder comprar um carro.

Mas eu não julguei, eu apenas atendi, dei o meu melhor, ouvi o cliente, ajudei-o a resolver o seu problema, não fiz nada demais, fiz a minha parte bem feita, tratei um ser humano da forma como ele merece. É o meu trabalho, como posso querer ser vendedor se eu fico escolhendo os meus clientes? Como serei reconhecido? Como serei admirado, indicado e procurado pelos clientes? Se eu não tenho a disciplina de dar o meu melhor sempre, sem julgar a roupa, o cabelo, o carro, o jeito de falar.

Uma vez entrou um senhor de idade na concessionária e eu o abordei e começamos uma conversa sobre seu futuro carro. Em um momento ele me disse:

- Robson, eu faço questão de uma coisa, eu já estou com a idade avançada e você sabe, com o tempo ficamos mais frágeis e também amo muito milha velha, por esse motivo quero o carro com “albergue”.

Eu entendi o que ele queria, eu era o vendedor e não o professor de inglês ou português e não queria demonstrar meu lado “glossário de termos técnicos relacionados a automóveis”.

Olhei para ele e respondi:

- Concordo plenamente com sua observação, o senhor está corretíssimo. Nada é mais importante que a segurança do senhor e da sua esposa. E eu realizei a venda e os dois foram com o novo carro, felizes da vida, principalmente porque o carro foi com um “albergue” para cada.

Não tenho nada contra os passos, o segredo, os métodos, e todas essas fórmulas para vender com sucesso, pelo contrário, gosto delas, entretanto acredito que exista a hora certa para que elas sejam usadas. Não vou dizer “eu acho”, porque como diz um amigo meu:
“Quem acha, não sabe nada”!

Vou dizer com muita certeza e propriedade está na hora de pegar a cartilha do básico, fazer o pré muito bem feito e depois ir passando para o primeiro grau, o segundo e depois a faculdade de vendas, a pós, o mestrado e por fim o doutorado. Albert Einstein dizia que o único lugar que o sucesso vem primeiro que o trabalho é no dicionário.

Tudo nessa vida começa com balde, vassoura e rodo e, no meu caso, enxada também.





Comentários

  1. Ligia Cristinajaneiro 18, 2010

    Parabéns!!!
    Mais uma vez, muito bom o texto!!!
    Sei bem o quanto é difícil entrar em uma loja e ser bem atendido!!! Refiro-me ao Bem Atendido no sentido de ser tratado com respeito, de sentir que a pessoa está realmente interessada em lhe ajudar!
    E não de uma forma efusiva, pois nada pior que sorrisos de mais, abraços de mais, perguntas de mais, comportamentos que ultrapassem todas as barreiras do respeito, tratando como íntima uma pessoa que entra pela segunda vez na loja.
    Mas de forma geral, também não podemos culpar apenas os vendedores, algumas empresas pecam muito no quesito treinamento, tratam esses treinamentos como gastos e não investimentos!!!!
    Também sei que é de interesse e que deveria ser objetivo do funcionário manter-se informado, participar de palestras, mas é função das empresas também, manter seus “colaboradores” motivados e capacitados para atender os clientes.
    Ótimo dia Professor!
    Abraço

    ResponderExcluir
  2. Ligia, o que acabei de reforçar em seu último comentário, você está expondo aqui agora sobre achar que treinamento é gasto. Isso é mesmo uma pena. E outra questão que você tocou que está corretíssima, o vendedor não pode ficar de braços cruzados esperando a empresa fornecer os treinamentos, concordo com você,afinal isso é de interesse dele também, e muito.Para que ele continue no mercado e valendo cada vez mais, deve treinar e capacitar-se incessantemente. Pois assim sempre terá uma valor diferenciado. Nós profissionais valemos pela nossa raridade. Um grande abraço!!!

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  3. Acredito muito que a essência ainda é o bom atendimento!O que implica empatia,simpatia,investimento em tempo e atenção ao que, naquele momento, o cliente deseja.
    Muito bom ler seus textos, sempre!
    Deus abençoe cada novo dia e cada nova idéia! Abs.

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  4. Oi Renata que bom ver você por aqui, concordo com tudo que disse sobre as qualidades que um bom vendedor necessita. Pena que seja cada dia mais raro encontrarmos isso. Mas de vez em quando brilha uma luz e alguém nos atende com toda atenção possível! Vamos fazer a nossa parte. Obrigado pelo elogio aos textos e quando passar deixe um alô. Fique com Deus, grande abraço, saúde e sucesso!!!

    Janeiro 18, 2010

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